DESEMBACE AS LENTES
Olhamos sem ver. E, rapidamente, fazemos as nossas classificações com base no que – estamos cansados de saber – não funciona mais. Caminhamos as mesmas e desgastadas trilhas, cheias de curvas e buracos, e por onde seguem todos, igualmente alheios à paisagem. Vamos com o foco ajustado no rotineiro, sem olhar para os lados ou para cima. Nem mesmo atentamos, de verdade, para o chão que passa como um filme visto dezenas de vezes. O horizonte, ao longe, sequer entra no reduzido esquadro a que nos condenamos, sejam quais forem as maravilhas que pode proporcionar. Os ditados populares tantas vezes no brindam com uma síntese de sabedoria, mas também passam batido: “o pior cego é o que não quer ver”.